Grupos venezuelanos ocupam Centro de Manaus em busca de renda para sobreviverem

Grupos venezuelanos ocupam Centro de Manaus em busca de renda para sobreviverem

Manaus, AM – Centenas  de  venezuelanos , que sofriam necessidades absurdas no pais vizinho, estão sobrevido em Manaus, ocupando vários cruzamentos do centro da capital amazonense,, pedindo esmolas ou vendendo alguma coisa, como frutas, para conseguirem pelo menos se alimentar, com destaques para crianças.

Devido a isso, os carros parados no semáforo da Avenida Getúlio Vargas, no Centro de Manaus. Um homem com chapéu de palha na cabeça, de pele morena, com traços indígenas, ia se intercalando entre os veículos, em uma tarde de tempo nublado na capital, para anunciar os produtos que estava vendendo. Era possível perceber de longe o grito em espanhol: ‘Se vende sombreros. Se vende sombreros’. (Vende-se chapéus)

Mesmo preferindo não falar com a reportagem, o senhor confirmou que faz parte da etnia warao da Venezuela. O grupo veio para Manaus com o objetivo de fugir da crise política e econômica da nação vizinha, e ocupam as calçadas de diversas avenidas do Centro da cidade. Os imigrantes podem ser vistos nas Avenidas Sete de Setembro, Eduardo Ribeiro e Getúlio Vargas. Além da Avenida Carvalho Leal, no bairro Cachoeirinha.

Com a blusa do Nacional e utilizando um boné do São Paulo, o indígena venezuelano Renault Ladia, 48, comentou que chegou em Manaus no mês de Março. O desejo dele é ficar na cidade, pois apresenta outra realidade do país que vivia.

“Não quero ir embora. Aqui estou muito bem. Lá na Venezuela não tinha comida. As crianças viviam chorando pedindo para comer e nós andávamos caindo de fome. Agora estou até mais gordinho. Tenho dormido muito bem”, disse.

Conforme o indígena, primeiro ele veio com a mulher para cidade e como percebeu que oferecia um conforto maior decidiu chamar os filhos.  “Trabalho aqui vendendo chapéus. Quando os materiais acabam, volto para a Venezuela  para comprar mais. Compramos nossos alimentos e mesmo fazemos. Gostamos muito de Manaus”, comentou.

O filho de Renault, o indígena Maurício Ratinha, 21, atualmente trabalha no Terminal 2 vendendo chapéus. Ele também relatou o mesmo sentimento do pai em querer ficar em Manaus. “Faz trintas dias que estou na cidade. Tenho trabalhado em diversos locais, mas o T2 é onde fico mais. Na Venezuela não temos comida. Pretendemos realmente ficar aqui”, completou.

Suporte financeiro

Desde dezembro de 2016, chegaram em Manaus 450 indígenas venezuelanos. Segundo a secretária de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Graça Prola, os grupos continuam hospedados em uma casa na Rua Quintino Bocaiúva. Além de estarem espalhados na Rodoviária, Petrópolis e Cidade Nova.

“Os indígenas venezuelanos se concentram nessas áreas, mas vão para o Centro de Manaus para pedir dinheiro ou trabalhar. Eles se movimentam em toda a cidade. A Sejusc tinha planejado uma viagem para 88 deles, mas os ônibus que alugamos não realizavam tráfegos internacionais. O MPF verificou que poderia ter um problema em relação a segurança e seguimos as suas recomendações”, disse a secretária.

De acordo com Graça, o Governo Federal realizou na segunda-feira (10) uma reunião com representantes de ministérios, do Governo Estadual e Prefeitura de Manaus. A decisão é que até o dia 17 seja apresentado um plano de ação integrada para que possa ser garantido um porte financeiro de 20 mil reais a cada grupo de cinquenta pessoas.

“O valor será destinado para o custeio dos venezuelanos aqui. Servirá para aluguel de casas de abrigo ou atendimentos de higiene, por exemplo. Esse plano já está garantido com o Governo Federal. Agora a Prefeitura de Manaus precisa decretar emergência. Ai Governo do Estado homologa e a presidência do Brasil faz o aporte financeiro”, explicou Graça.

A secretária também destaca que será realizada hoje (12) uma reunião com a Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos (Semmasdh), para que sejam apresentadas as próximas ações.

“Pelas abordagens que fizemos, temos a informação que existem venezuelanos que querem ficar em Manaus para trabalhar, mas muitos não possuem documentação. Eles estão aqui no Brasil com o pedido de refúgio. Amanhã teremos uma reunião com a Semmasdh para discutir o que fazer com quem vai ficar ou quem quer ir embora”, destacou.

Gesto nobre   

Estimulada em ajudar os indígenas venezuelanos que estão em Manaus, a jornalista Mônica Figueiredo, 28, desistiu da festa de aniversário que ia realizar para doar diferentes tipos de materiais para o grupo.

“Eu estava planejando em fazer uma festa de aniversário e convidar os amigos. Mas estava passando pela Cachoeirinha semana passada e vi umas mulheres que não eram daqui, além de uma criança. Depois abri o Facebook e percebi que elas eram Venezuela, que estavam fugindo da miséria do seu país. Então, decidi que invés de gastar dinheiro com aniversário, iria ajudar essas pessoas”, comentou.

A idéia da jornalista foi bem recebida pelos amigos, que prometeram a ajudar na realização das doações. “Cancelei a minha festa e comentei com os meus amigos. Todo mundo topou em ajudar. Hoje já estamos com quinze pessoas envolvidas”, disse Mônica.

O grupo está arrecadando doações de alimentos, como massa para mingau, leite, fermento e açúcar, além de sandálias com os números de 35, 36 e 37, remédios e material de higiene pessoal, como fraldas.

“Quem se interessar pode enviar mensagem. Daremos um jeito para ter acesso ao material. Sei que isso não vai resolver o problema dessas pessoas, mas podemos fazer a diferença com o pouco”, afirmou a jornalista, completando que o número para contato é 98100-8787.

Amazonianarede-Acritica

 

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