Parceria INPA/FAS leva ferramentas de colheita de açaí a extrativistas

Parceria INPA/FAS leva ferramentas de colheita de açaí a extrativistas

Amazonas – Simples,  produtiva e inovadora. Assim é a ferramenta de colheita de cachos de frutos de palmeiras da Amazônia desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC). Uma parceria com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) permitirá que moradores de unidades de conservação do Amazonas utilizem a “palmhaste” para aumentar a produtividade da extração de açaí, a renda da comunidade e evitar acidentes, que são comuns quando se utiliza a peconha e outros instrumentos para escalar árvores muito altas.

Recentemente a Coordenação de Extensão Tecnológica e Inovação (Coeti) do Inpa fez a entrega de seis kits do palmhast para a FAS, que serão levados para unidades de conservação (UC) que trabalham com a cadeia produtiva do açaí dentro do Programa Bolsa Floresta.

Cerca de 300 famílias da unidade do Madeira serão as primeiras a “testar” a ferramenta, depois as do Alto Juruá, Mamiraurá e Piagaçu-Purus. Juntas, essas UC totalizam cerca de 700 famílias.

“Há três anos estamos trabalhando nessa  ferramenta, que vem para melhorar a qualidade de vida de extrativistas e produtores rurais que coletam frutos de palmeiras de alto valor econômico.

Se aprovada pelos comunitários, podemos produzir em escala e aumentar a geração de renda das pessoas sem que corram risco de vida”, disse um dos inventores, o técnico do Inpa formado em engenharia floresta, Afonso Rabelo. Os ilustradores botânicos Gláucio Belém e Felipe França compartilham da invenção.

De acordo com Rabelo, que desenvolve outras tecnologias de aproveitamento dos frutos nativos, na Amazônia existem cerca de 180 palmeiras, das quais 20 possuem frutos de alto valor econômico como açaí, buriti, tucumã, pupunha, coco e bacaba.

A palmhast é uma vara de alumínio naval de 18 metros de altura (pesa 12 quilos) adaptada com uma foice cortadeira e acessórios (a exemplo da lona de carreteiro para aparar os frutos) que pode ser usada nas palmeiras com espinho e sem espinho, e aumenta o ganho, evitando o desperdício.

“Essa é uma tecnologia desenvolvida por necessidade da comunidade, e uma associação com a FAS e a iniciativa privada vai disponibilizar essa ferramenta, que é muito importante do ponto de vista econômico e social”, destacou o diretor do Inpa, o pesquisador Luiz Renato de França.

Para se ter ideia, em quatro horas de trabalho com a palmhast é possível coletar duas sacas de açaí em área de floresta preservada, o que significa difícil acesso. “Isso rende pelo menos 80 litros de açaí de ótima qualidade, que se vendido a 10 reais o litro gera 800 reais em um dia. Ou seja, em pouco tempo se paga a ferramenta”, contou o contador e engenheiro Arley Encarnação, que é um apreciador de açaí e já testou a ferramenta “com sucesso”.

Know How

De acordo com a Coordenadora da Coeti, Noelia Falcão, os kits da palmhast entregues para a FAS foram produzidos pela empresa LM Manutenção, por meio de contrato de sigilo de confidencialidade. A tecnologia não é protegida por patente, e se houver interesse em escala o Inpa deverá fazer um contrato de transferência de tecnologia de Know How.

Nesse tipo de contratohá a transferência para uma empresa do conhecimento de todo o processo de reconhecido valor de mercado, garantindo em instrumento legal prazos e até pagamento de royaties. No Inpa, só o inventor do purificador de água (Água Box), pesquisador Roland Vetter, recebe royalty por invenção.

“Essa é uma tecnologia simples e útil muito importante para o trabalho nas comunidades. O Inpa tem um conhecimento vasto e nós temos outras 69 tecnologias protegidas, além das que não tem proteção que podem ser transferidas para empresas e estarem acessíveis à sociedade”, contou Noelia Falcão, destacando que das tecnologias protegidas, 11 possuem patentes nas áreas dermocosméticos, saúde e alimentação.

Segundo a gerente do Programa Bolsa Floresta, Valcleia Solidade, os kits das palmshaste ficarão em teste de dois a três meses nas comunidades. “Se aprovados, poderemos definir em oficina de investimento que a ferramenta é importante e poderemos adquirir mais kits juntos ao Inpa, com quem já temos uma relação antiga e com quem possuímos termo de parceria para testar as tecnologias do Instituto”, contou Solidade.

O Água Box, por exemplo, a FAS instalou em 12 comunidades. Agora em parceria com o projeto Água mais Acesso, a Fundação está levando sistema de captação e distribuição de água, incluindo o aparelho de desinfecção solar de água, para outras duas comunidades do Rio Negro.

Amazomnanarede-Ascom/Inpa

 

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